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A pauta ambiental precisa fazer parte da agenda e da estratégia das empresas. É difícil quem não perceba o impacto das mudanças climáticas no dia a dia, principalmente no ambiente de negócios. Um levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) elencou 77 barreiras comerciais na exportação dos produtos brasileiros, sendo que 10 dessas barreiras estão relacionadas a pauta ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). As negociações dos novos acordos comerciais, particularmente com a Comunidade Europeia, sinalizam que a exigência ligada ao ESG deve aumentar.
Além disso, a indústria do plástico não está imune a este movimento e às críticas, especialmente porque os baixos níveis de reciclagem expõem o setor. Afinal, o plástico pós-consumo quando não é valorizado e reciclado, acaba sendo descartado erroneamente e vai para as ruas, os rios, os lixões e os oceanos. A maioria desse lixo é formada por embalagens de produtos feitas de plástico. O problema é que o plástico é vítima do seu sucesso. O seu custo é muito competitivo comparado aos outros materiais e ele tem uma qualidade, ele dura. Além de ocupar um papel essencial na sociedade ajudando na conservação dos produtos.
O que deveria ser visto como um problema de toda a cadeia de valor, incluindo fabricantes, importadores, varejistas, consumidores e o poder público, acaba caindo no colo da indústria. Cada grupo tem a sua própria responsabilidade. Mas, em vez de trabalharem em conjunto, tendem a apontar o dedo uns aos outros e, com isto, apenas empurram o problema. Entretanto, é neste contexto que a indústria e a cadeia recicladora precisam assumir o protagonismo das ações e usar um aliado poderoso na jornada para a pauta ESG: a economia circular.
Ao contrário do modelo tradicional, a economia circular se baseia na remanufatura, na reciclagem, na reutilização e na regeneração da natureza. Contudo, como uma abordagem nova, a promoção da economia circular exige esforços que vão além das empresas e, necessariamente, deveria vir acompanhados por toda a cadeia produtiva e, principalmente, do envolvimento dos consumidores. No entanto, apesar de aparentemente apresentar conceitos simples e superiores, aliando eficiência econômica às melhores práticas ambientais, a sua penetração na economia global é muito baixa, apenas 7,2% é circular.
Quem sabe uma história que ocorreu na Copa do Mundo de 58, na Suécia, ajude a entender este paradoxo. Conta a lenda que antes do jogo da seleção brasileira contra a União Soviética, o técnico Vicente Feola fez uma preleção para o time com um esquema tático extremamente sofisticado e detalhista de como marcar o gol contra os soviéticos e, importante, dentro desse esquema desenhado por ele o gol seria marcado por Mané Garrincha. Terminada a preleção, Garrincha perguntou: ?Seu Feola, o senhor já combinou com os Russos??
Esta é a hora da economia circular questionar se as suas informações e vantagens estão ?circulando? e, o mais importante, estão sendo compreendidas. Ou melhor, se combinou o jogo com os Russos! No fundo, a promoção e a maior penetração da economia circular depende da prática da boa comunicação, que educa, conscientiza, mobiliza e engaja os diferentes stakeholders. O objetivo desta comunicação deve ser o de facilitar a colaboração e a parceria entre todos os envolvidos através da troca de conhecimentos, experiências e melhores práticas, bem como o estabelecimento de redes e alianças para impulsionar a transição para a economia circular.
Enfim, fazer qualquer negócio ou montar qualquer estratégia sem comunicação é como piscar para alguém em um quarto escuro. Você sabe o que está fazendo, só que o resto do mundo não. Chegou a hora da indústria de plástico e a cadeia recicladora junto com a economia circular acender a luz neste jogo, são eles que tem todo o conhecimento para iluminar toda a cadeia de valor do plástico. A boa comunicação e o conhecimento precisam circular, os resultados serão fantásticos para todos nós.